sábado, 24 de maio de 2014

Os fantasmas de Curitiba





Curitiba é um município brasileiro, capital do estado do Paraná, localizada a 934 metros de altitude no primeiro planalto paranaense,7 a aproximadamente 110 quilômetros do Oceano Atlântico.11 É a oitava cidade mais populosa do Brasil e a maior do sul do país, com uma população de 1.848.946 habitantes.6 É a cidade principal da Região Metropolitana de Curitiba, formada por 29 municípios e que possui 3 400 357 habitantes12 13 sobre uma área de 15 447 km²,14 o que a torna a oitava região metropolitana mais populosa do Brasil15 , e a segunda maior da Região Sul, ficando somente atrás da Região Metropolitana de Porto Alegre. A capital do Paraná ao longo dos últimos anos tem se consolidado como a cidade mais rica do Sul do país e a 4ª em nível nacional.

Existem cidades de muitos tipos, com praia, vida animada, teatros e até aquelas que não dormem, outras com mistérios. Moro em Curitiba, fiz dela minha cidade do coração, é peculiar. É um lugar de imigrantes, na sua maior parte de origem Europeia, poloneses, alemães, italianos, russos, espanhóis que ainda guardam suas antigas tradições, trouxeram consigo música, língua, e talvez mais coisas das que podemos mencionar.

O clima semelhante ao Londrino: frio, garoa, e nevoa densa, que podemos amenizar com um bom vinho e um queijo derretido; a comida e bebida por estas bandas reconfortam o corpo e o espírito.

Porém, à noite, que revela sua verdadeira identidade. Entre uma chuva fina, e vento suave ao caminhar pelas suas ruas cheias de chafarizes e lampiões do século passado, observamos velhas mansões, recantos esquecidos e reflexos amarelados de antigos tempos, que de alguma forma revivem a cada noite, aqui nesta Gótica Cidade.

A Rua Saldanha Marinho, de pedras lisas, estreita e mal iluminada guarda muitos bares “Underground” (Underground "subterrâneo", em inglês, é uma expressão usada para designar um ambiente cultural que foge dos padrões comerciais, dos modismos e que está fora da mídia. Também conhecido como Cultura Underground ou Movimento Underground, para designar toda produção cultural com estas características, ou Cena Underground, usado para nomear a produção de cultura underground em um determinado período e local.), para entrar temos que bater e esperar que nos liberem, alguns somente permitem a entrada de antigos freqüentadores, por algum motivo o lucro parece não ser o objetivo de sua existência.

La dentro, escritores, poetas, artistas de teatro e pensadores riem e se divertem, numa atmosfera fantasmagórica e irreal, fama e fortuna, não formam parte de suas ambições. Um exemplo famoso e o escritor Dalton Trevisan (Dalton Jérson Trevisan (Curitiba, 14 de junho de 1925) é um escritor brasileiro, famoso por seus livros de contos, especialmente O Vampiro de Curitiba (1965), e por sua natureza reservada.), que alguns dizem se tratar de um vampiro real, se esconde durante o dia, nunca deu entrevistas, mora em algum lugar, talvez numa dessas antigas mansões abandonadas e somente caminha pelas ruas de Curitiba à noite entre as sombras e chuva fina, que gela até os ossos.

Existem muitas lendas estranhas. Mas a experiência que vou relatar não é uma delas, aconteceu comigo neste mês de maio de 2014, e mais tenho provas documentais do fenômeno.

Após jantar com minha esposa, numa das melhores cantinas Italianas: Baviera; saímos, e como sempre caminhamos pela cidade, fumando um charuto e bebendo uma taça de vinho, uma atitude normal por aqui. Ela esta preparando uma exposição de fotos sobre a noite Curitibana, focando no seu clima Gótico, cheio de mistérios.


Armada com sua “Nikon” de última geração tirou centos de fotos: Casas abandonadas, vielas esquecidas, esculturas tristes de jardins melancólicos e relva crescida, reflexos mágicos em fontes e algumas nas quais apareço, como acessório do entorno fantasmagórico.

Pela metade da madrugada, na hora da coruja, caminhando na “Rua XV”, exclusiva para pedestres que atravessa a cidade. Com suas luminárias amarelas e frias no estilo "Belle Époque", velhos bons tempos, ali neste ambiente nostálgico, ela tomou fotos, capturando existências pretéritas. Eu fumava para espantar o frio.

De algum lugar, talvez um prédio, o som de saxofone iluminava a madrugada, aqui na cidade músicos invisíveis costumam tocar seus instrumentos, verdadeiros mestres anônimos. Ela falou, “Fique perto da luminária, a luz parda cai bem.” Acendi um cigarro e fiz posse.

Nossa escapada estava no fim, tínhamos comido, bebido e caminhado tomando fotos, da Cidade de luzes e sombras, cheia de contrastes e espaços místicos.

Sábado, à tarde, reservamos para digitalizar as fotos e separar as boas tomadas. Fiz um café, fumei meu charuto, e... Ela me chamou, “Veja! Alguma coisa que não devia estar ali...”.

Tinha a foto da fonte, em amarelo, com inúmeros reflexos, criando uma atmosfera irreal, perfeita. A pesar de conhecer a cidade, sempre fico surpreso com os detalhes novos, a cada foto revelada.

Ela programou a câmara para disparar duas vezes, de forma automática, desta forma sempre tem duas tomadas registradas. Tomei um gole de café, forte e sem açúcar, quase engasguei, três vultos estavam atrás de mim!

Senão fosse pelo registro digital, duvidaria da historia. As fotos não foram alteradas ou retocadas. Três pessoas ou deveria dizer “Espectros”, foram pegos no primeiro disparo e cinco segundo após, não estavam mais no foco da lente.

Uma mulher no fundo, vindo na nossa direção e dois homens passando com imagens borradas. O tempo entre uma imagem, curto demais, usando flash (Ver reflexo, canto superior esquerdo). Um detalhe impressionante: O rosto do homem borrado, deixa passar a imagem da fachada! Não da para aceitar outra explicação: Pegamos os Fantasmas de Curitiba!




A noite gótica,
envolve-nos, com seu manto.
As ruas,
tornam-se labirintos do passado.

Duas realidades,
convivem, num paradoxo.
Verso e reverso,
unem-se, na madrugada.

Por alguns instantes,
andantes, sem lar, abandonados.
Respiram o agora.
Olha, estão junto a ti.

Eles riem para nos.
Saudemos aqueles,
que não existem mais nesta realidade.
Porque um dia seremos Eles!




[Por Manuel Funes]
Mai/2014
Versão #4




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